31 de julho de 2008

'No gargalo': as benesses dos vinhos brancos

Vinho branco sofre no Brasil. Preconceito? Desconhecimento? Medo de arriscar? Tá, a coisa vem melhorando, mas quem nunca ouviu a frase: "Para mim, vinho só se for tinto"? Confesso que, quando ouço, meu coração se comprime.

Poxa, e logo com o vinho branco que, na teoria, deveria ser uma das bebidas mais consumidas neste nosso país tropical. Sim, sim. Afinal, o vinho branco é mais leve que o tinto e deve ser servido frio entre 7ºC a 11ºC, dependendo de sua estrutura. Uma ótima companhia para dias ensolarados e conversa fiada com os amigos. Vai bem com quase todo tipo de carne branca, saladas e entradas.


Os vinhos feitos com a uva Chardonnay possuem, em geral, aromas cítricos, tostados ou amanteigados; os da uva Viogner tem toques florais e são muito refrescantes. A lista é muito extensa para dizer todas as variedades e aromas que cada uma pode exalar, e, além do mais, essa percepção é muito pessoal. Existem ainda os vinhos que combinam uvas, o que muda tudo. Acho que precisaria encarnar mais umas dez mil vezes para experimentar todas as combinações possíveis!

Mas fica a sugestão: num dia de calor daqueles que pedem algo leve, vá de vinho branco para bebericar ou para escoltar a refeição (claro, que não seja uma rabada). É o desconhecimento que leva ao preconceito. Então, gente, vamos parar com isso que pega mal pacas. Pra quem nunca provou vinho branco, pode ser bacana iniciar com um que seja feito com a uva Torrontés. São florais e bem facinhos de bebericar. Saúde!


* Foto do Getty Images; aliás, outra sem crédito *

30 de julho de 2008

'Verdades a granel' por Ernesto Sabato

"Muitas vezes me espantei ao perceber como enxergamos melhor as paisagens no cinema do que na realidade"


* Frase do escritor argentino e ilustração do Getty Images *

28 de julho de 2008

Zezé e o seu passaporte para cantar

A queridíssima Zezé Gonzaga nos deixou na madrugada do último dia 24 e aqui vai a minha homenagem à pessoa gentil e corajosa que ela foi. A entrevista que você vai ler a seguir foi publicada originalmente no Jornal Musical, editado por Tárik de Souza, e republicada agora no Overmundo, criado por Hermano Vianna e editado pela amiga Helena Aragão. Vamos ao lead:

Aos 81 anos, completados em setembro último, Zezé Gonzaga se auto-proclama 'apenas uma senhora que ainda canta', título de seu primeiro álbum lançado pela gravadora Biscoito Fino, em 2002. Foi mais um trabalho idealizado por Hermínio Bello de Carvalho, com quem mantém efetiva amizade há mais de meio século. "Esse cara eu apelidei de 'meu anjo barroco' por causa dos cachinhos. Se eu tivesse um filho, gostaria que fosse como ele: inteligente e dono de um coração que não tem tamanho", diz a cantora mineira, nascida Maria José Gonzaga, na pequena cidade de Manhuaçu, neta de maestro e filha da união da flautista Oraida com o luthier Rodolpho Gonzaga. "Acho que vim ao mundo com o passaporte para cantar", brinca.

Para ler o texto completo, no Overmundo, clique em:
Zezé Gonzaga, a linda flor da canção brasileira

24 de julho de 2008

Claudia Holanda estréia aqui como colunista!

A partir desta quinta e por outras tantas, com as graças de Baco, a amiga Claudia Holanda vai escrever para nós sobre vinhos. A idéia surgiu numa degustação - eu e Val fomos a convite dela e da Lilian - na qual me apaixonei perdidamente pelo francês 'Chateuneuf du Pape', dica da moça, claro. A colunista é pernambucana, jornalista, cantora e compositora, aluna da Escola Portátil de Música, sócia da Confraria do Encuentro, tão amiga do peito que já me salvou de um afogamento no Arpoador (risos). Delicie-se com a primeiríssima
'No gargalo':


Toda festa que se preze começa com um espumante de boas vindas. E na estréia da coluna 'No gargalo' no blog desta amiga de tantas taças e canecas, é isso que a gente pretende. Sinta-se à vontade no puxadinho da casa! Como o papo é borbulhante, vamos ao que interessa. Uma questão de esclarecimento: Espumante é todo vinho que tem bolhinhas, mas pra ser chamado de champagne ele precisa ter sido feito na região de Champagne, na França. Champagne é marca registrada desta região específica. Dependendo do lugar onde foi produzido, é chamado por nomes diferentes. Na Espanha, de Cava; na França, fora da região de Champagne, de Crémant; e na Itália, de Spumanti, parecido como chamamos no Brasil. Então, você não precisa dizer "bebi champagne francês". Porque se for champagne, é claro que foi feito na França. Vamos evitar o pleonasmo, minha gente!

A "descoberta" desta maravilha é conferida ao monge Dom Perignon, que, na verdade, tomou foi um susto ao perceber que seu vinho borbulhava. Aquela frase divulgada aos quatro cantos no mundo "estou bebendo estrelas", atribuída a ele, é mais do que contestada. Afinal, pro camarada que tava acostumado a elaborar vinhos "tranqüilos", aquela garrafa efervescente era, no mínimo, um sério defeito. Ele passou boa parte de sua vida tentando eliminar as tais bolhinhas. Não conseguiu, graças a Deus! O fato é que depois de algum tempo, a bebida caiu no gosto da alegre corte francesa por ser leve e divertido. Não demorou para conquistar paladares de todo mundo e ficar para sempre associada a datas festivas e comemorações.

Bem, se você não está monetariamente preparado para comprar champagne, não precisa desanimar. Os brasileiros produzem belos espumantes, muitos premiados, e bem mais em conta do que o importado francês. Quer cinco dicas na faixa dos 20 pilas? Fácil: Valmarino, Don Giovani, Miolo, Aurora, Salton... Recomendo os secos, chamados brut. Um brinde a todos nós! Será uma alegria borbulhante escrever semanalmente sobre vinhos aqui para você.

* Fotos sorvidas do Google *

22 de julho de 2008

Dani Spielmann e trio em cartaz na Lapa

Quem acompanha meus diários virtuais, sempre fica por dentro da agenda sonora de Daniela Spielmann, amigaça de uma época gostosa feito sorvete Cairu. Pois bem. Os shows da vez são do Daniela Spielmann Trio, que é completado por Bilinho Teixeira no violão e João Hermeto na percussão, entre hoje e sábado, às 19h, no Rio Scenarium - Rua do Lavradio, 36.

Para saber mais sobre a música desta carismática saxofonista, flautista, compositora e arranjadora carioca, bonita às pampas como você pode ver, visite os endereços:
http://www.danielaspielmann.com/
www.myspace.com/danielaspielmann

*Foto de Thiago Chediak *

21 de julho de 2008

Na trilha de Remo Usai

Aos 80 anos, Antonio Remo Usai é tema do premiado documentário 'Remo Usai – Um músico para o cinema', dirigido pelo jovem Bernardo Uzeda, e trabalha num projeto para recuperar o patrimônio de 45 anos dedicados às trilhas sonoras do cinema nacional. "Reuni mais de 200 fitas, o equivalente a cerca de 40 quilômetros de música que fiz até hoje para cinema. Está tudo bem conservado", diz ele, mais conhecido pelo sobrenome. "Tirei o Antonio do nome artístico. Muitos pensam que sou japonês ou judeu. A palavra vem de muito longe, de um dialeto sardo", explica. "Antes de escrever este projeto, levei quase dois meses limpando fita por fita. Creio que o valor deste acervo está estimado em R$ 20 milhões porque, além da qualidade musical, é história".

História é um dos assuntos favoritos deste compositor, maestro, orquestrador, diretor musical, sonoplasta e fotógrafo – para citar as mais importantes habilidades de Remo -, e a conversa flui entre sagas políticas, como o atentado ao vizinho e amigo da família Carlos Lacerda em 1954 e tristezas afetivas – sobretudo a perda da filha Cláudia, aos 26 anos, vítima de um acidente de carro. Remo ajeita a cadeira para discorrer sobre crenças ("não acredito no Deus que os homens criaram, mas no Deus que criou os homens"), agronomia e, naturalmente, música e cinema. Ele compôs trilhas para mais de 150 filmes, entre comerciais, documentários, curtas e longas-metragens. Remo também escreveu músicas para programas de televisão e de rádio, fez spots publicitários e é considerado um dos mais importantes autores de trilhas sonoras para filmes brasileiros. (...)

Quer ler a entrevista completa? Visite o site da Carioquice, editada pelo Instituto Cravo Albin.

* Foto de Adriana Lorete *

20 de julho de 2008

'Encontro marcado' nos tempos modernos

Prosear com a querida Marcella Sobral é feito escorregar num arco-íris: no final das contas, você sempre encontra um pote de ouro, seja em forma de sorriso, de uma frase espirituosa ou de histórias engraçadas que ela viveu outro dia. E, geralmente, acontece o mesmo via seus textos jornalísticos.

Ao abrir a Revista do Globo deste domingo, topei com uma reportagem incrível sobre 'Speed dating' - em bom português,
'encontro marcado', como no romance de Fernando Sabino,
mas adaptadíssimo aos tempos modernos. Ao narrar como transcorre essa paquera premeditada, escreve a moça:

"Antes de o jogo começar, um mestre-de-cerimônias fez uma apresentação dos candidados perguntando o que eles mais gostam de fazer, as maiores virtudes, uma coisa meio animador de festa infantil. Enquanto as mulheres elegeram o teatro ou o cinema como os hobbies preferidos, optei por uma atividade mais radical: videogame. Pronto, já tinha arrumado conversa com a maioria dos rapazes. Nessas horas, guerra é guerra. O Truffaut a gente negocia depois".

Quer ler a matéria na íntegra? Divirta-se aqui!

* Foto de Camila Maia *

17 de julho de 2008

Da novíssima série: 'Verdades a granel'

"Tudo o que não invento é falso"


* Verso de Manoel de Barros e foto de Joff Lee *

16 de julho de 2008

Trio 3-63 estréia nos palcos cariocas!

É a querida flautista Andrea Ernest Dias quem convida:
o Trio 3-63 faz os primeiros concertos para o público carioca de sexta, 18, a domingo, 20, às 19h30, no Teatro III do Centro Cultural Banco do Brasil. No roteiro das noites, há temas de Guerra-Peixe, Lelo Nazario, Luiz D´Anunciação, Joaquim Callado, Pixinguinha, Claudio Santoro e Moacir Santos.

O trio é formado pela Deda, a quem chamo de 'Juliette Binoche dos sopros', mais o pianista Paulo Braga e o percussionista Marcos Suzano. Este trabalho vem crescendo desde 2005, quando eles se juntaram para tocar na série 'Vision du Brésil', realizada pelo Centre National de Musique, em Marselha, na França.

Ela me conta por e-mail: "Moniquinha, estamos em estúdio e o disco deve sair no segundo semestre, por enquanto, de forma independente. O repertório do álbum é bem parecido com o dos shows. Já gravamos uma participação do Negreiros no afro-tema 'Olorum, o Rei', de autoria dele mesmo".

A origem do nome do trio vem de 1963, ano de nascimento de todos eles. Reproduzo aqui um trechinho do release escrito pela amiga Adriana Sanglard, só pra deixar você de orelha em pé: "Andrea e Paulo, com sua experiência nos palcos e estúdios da música de câmera, da música sinfônica e da música popular, embalam o legado dos grandes instrumentistas brasileiros, expressando, com virtuosismo, qualidade lírica e harmonias pesquisadas, a atualidade da música instrumental. Suzano, com sua percussão original e inquieta, plena de (re)conhecimento de suas origens africanas, recriada por procedimentos digitais, samplers, faz ressoar o cosmopolitismo dos ritmos e sons brasileiros".

Bateu curiosidade? Pinta lá no CCBB - Rua Primeiro de Março, 66, Centro do Rio.

* Marisa Formaggini clicou a flautista e Lauro Maia, o percussionista *

15 de julho de 2008

Vianinha revive 34 anos depois

O Centro Cultural Municipal Oduvaldo Vianna Filho - mais conhecido como Castelinho do Flamengo - vai homenagear a patrono Vianinha na semana que completam 34 anos de sua morte. Haverá uma exposição de fotos e posters das peças do dramaturgo e uma série de debates sobre a atuação de Vianinha na televisão, no teatro e no cinema brasileiros.


Vamos ao calendário:

Dia 16, quarta, às 19h - A dramaturgia de Vianinha - Ferreira Gullar faz palestra após a leitura dramatizada da peça 'Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come', da qual é co-autor;

Dia 17, quinta, às 18h - A produção de Vianinha para a televisão - palestra com Marcelo Gonçalves e Giordano Bruno;

Dia 18, sexta, às 18h - Vianinha e o cinema - Hernani Heffner fala ao público.


* Reprodução do flyer *

14 de julho de 2008

Nasce a minha sobrinha Mélodie!

Mélodie veio ao mundo há quatro dias - com sadios 2,9 kg
e 46,5 cm - e acabei de receber as primeiras imagens da pequena. Ela é filha da Kika, minha amiga mais antiga em atividade fraternal, e do francês Xavier. Fui madrinha do casamento destes amados e ver essa pessoinha mínima
assim de olhinhos fechados dá vontade de chorar. Ainda
bem que cada um tem a Mel que merece! (risos)

Ohhhhhhh...

Lindas e comportadas!

Aproveitando o colinho do papai

Ganhando os mimos da vovó Iracema


* Fotos do álbum da família *

Para começar muito bem a semana!


* Foto de Monica Ramalho *

11 de julho de 2008

Concorra a um álbum do Rodrigo Maranhão!

Produzido pela amiga-fundamental Marcella Linhares, o cantor e compositor Rodrigo Maranhão leva esta noite ao Circo Voador o repertório do excelente disco de estréia, 'Bordado' (selo MP,B), que roda sempre na vitrola digital daqui de casa. E como uma coisa puxa outra, o músico ganhou uma belíssima capa do Segundo Caderno: 'Revelação de cabelos brancos', com texto de Mauro Ventura.

Para festejar todas estas conquistas do rapaz, vencedor de dois recentes Prêmios TIM, este blog sorteia um exemplar de 'Bordado', recheado de canções, entre elas "Interior",
"Todo dia" e "Milonga". Para entrar na disputa, basta escrever uma frase caprichada com a palavra bordado e enviar para: laranjaeacordovestidodela@gmail.com

9 de julho de 2008

Aula de desenho

Estou lá onde me invento e me faço:
De giz é meu traço. De aço, o papel.
Esboço uma face a régua e compasso:
É falsa. Desfaço o que fiz.
Retraço o retrato. Evoco o abstrato.
Faço da sombra minha raiz.
Farta de mim, afasto-me
e constato: na arte ou na vida,
em carne, osso, lápis ou giz
onde estou não é sempre
e o que sou é por um triz.

* Poema de Maria Esther Maciel *

8 de julho de 2008

Inês Pedrosa e Pepetela juntos na Argumento

Ficou super em cima, mas vale avisar aos amigos: os escritores Inês Pedrosa e Pepetela conversam esta noite, a partir das 19h, com o público da Argumento, no Leblon. O evento faz parte da série 'Prosa nas Livrarias', promovida pelo Globo.

Da autora portuguesa, devorei o emocionante 'Nas tuas mãos'. E ainda desconheço a obra do angolano. Quer saber um pouquinho sobre cada um? Leia, a seguir, trechos biográficos, retirados do site da Festa Literária Internacional de Paraty:

Inês Pedrosa (1962, Coimbra) é escritora e jornalista. Foi tradutora, diretora da revista Marie Claire de Portugal entre 1993 e 1996, e atualmente é colunista do semanal Expresso, um dos maiores jornais portugueses. Feminista, já se manifestou a favor do direito ao aborto e do casamento entre pessoas do mesmo sexo, além de ter sido porta-voz oficial da candidatura à presidência do socialista Manuel Alegre em 2005. No mesmo ano, Inês escreveu sua primeira peça de teatro,
'Duas mulheres e uma cadela', baseada em textos de dois de seus livros, 'Nas tuas mãos' - de 1997, vencedor do Prêmio Máximo de Literatura de Portugal - e 'Fica comigo esta noite', de 2003. Seu romance mais recente se chama 'A eternidade e o desejo', lançado este ano.

Pepetela (1941, Benguela, Angola), nascido Artur Carlos Maurício Pestana dos Santos, é o mais jovem escritor a receber o Prêmio Camões, condecoração máxima da literatura de língua portuguesa. Famoso pela militância política, o sociólogo, escritor e professor foi guerrilheiro, representante do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e vice-ministro da Educação em 1975, ano da Independência do país. Sua obra, central para a compreensão da literatura em língua portuguesa produzida fora do Brasil, constitui uma profunda análise do país a partir da temática da formação da nação, e inclui livros como 'Mayombe' (1980), 'A geração da utopia' (1992) e 'Parábola do cágado velho' (1997). Seus livros mais recentes são 'Predadores' (2005) e 'O quase fim do mundo' (2008).

* Fotos de divulgação *

6 de julho de 2008

Mudanças por dentro, por fora e na web

Cantores mudam de nome; alfaiates, de profissão. Conheço quem muda uma vez por ano de apartamento, de namorada, de emprego. Cabelo a gente muda em minutos. Peso, só com alguma ginástica. Computador, basta um punhado de dinheiro. O dinheiro muda tudo: de guarda-roupa ao círculo de amigos, para o bem e para o mal. As leis do design mudam conceitos, marcas e tendências mundiais. Um imprevisto pode mudar a agenda do dia e um gesto quase imperceptível talvez mude em grandes proporções o que vai no coração.

Depois de tantas recentes mudanças por dentro e por fora, resolvi mudar também na web. E este blog entra no sexto mês com o lay out minimamente reformulado. Às vezes, pequenos movimentos nos trazem o conforto de saber que, se não somos os melhores, somos, ao menos, únicos. E obrigada por estar aqui agora, compartilhando comigo idéias, cenas, fragrâncias e tudo o mais que compõe este 'Laranja é a cor do vestido dela'!

* Foto de Monica Ramalho *

5 de julho de 2008

LiberTango lança álbum mui apaixonante

‘Cierra tus ojos y escucha’ (Delira Música) é o segundo álbum do LiberTango, que há doze anos pesquisa e reinventa a obra do bandoneonista e compositor argentino Astor Piazzolla. Os shows de lançamento do disco estão agendados para os dias 11, 12 e 13 de julho, às 20h, na Sala Baden Powell. O violinista Nicolas Krassik e o baixista André Santos são convidados especiais de toda a mini-temporada em Copacabana. Ambos gravaram o disco, mais o também baixista Bruno Migliari. Além de batizar o grupo, Libertango é o nome de uma das peças mais célebres de Piazzolla, interpretada pelos maiores músicos do mundo.


Formado pela pianista argentina Estela Caldi, pelo saxofonista e flautista Alexandre Caldi, pelo acordeonista e pianista Marcelo Caldi e pelo cantor Marcelo Rodolfo, o grupo começou meio de brincadeira, que foi ficando séria e resultou no álbum de estréia, ‘A música de Astor Piazzolla’ (Delira, 2005). “O primeiro disco foi uma imposição da Estela”, diz o vocalista, às gargalhadas. Para a nova bolacha, eles precisavam de outras canções. “Foi quando resolvemos nos aprofundar na criação dele e fazer um trabalho mais camerístico, valorizando os timbres do quarteto”, explica Marcelo Caldi. “Este segundo possui mais níveis de compreensão, o que faz com que ele seja também mais sofisticado”, pontua Alexandre.

Quatro temas foram preparados para este álbum: “Siempre se Vuelve a Buenos Aires” (com letra de Eladia Blazquez), “Alguien le dice al Tango” (parceria com o escritor Jorge Luis Borges), “La Muerte del Ángel” e “Invierno Porteño”. As outras composições – como “El Gordo Triste” (letra de Horacio Ferrer e música de Astor, feita em homenagem a Anibal Troilo), “Escolaso” e “Jacinto Chiclana” (versos de Borges) – já vinham sendo tocadas nos shows do LiberTango pelo Brasil afora. Outra que já fazia parte do repertório é “Le Grand Tango”, escrita originalmente para violoncelo e piano, e transcrita por Estela para sax barítono, acordeão e piano. No disco, a gravação se estende por onze minutos e assume um caráter erudito. “Embora sejam originais, os arranjos preservam a personalidade musical do Piazzola. Eles têm a cara do grupo, mas sem pretensão de modificar a idéia do autor”, defende o acordeonista.

Para os integrantes do LiberTango, o sangue de Piazzolla era portenho, apesar de ele ter nascido em Mar del Plata. “As melhores coisas cantadas dele têm uma relação muito forte com a cidade. O portenho, quando sofre, é muito diferente do brasileiro. O brasileiro sofre, chora e faz um estardalhaço. O portenho sofre, chora e implode. Essa dor que não quer calar nunca, mas que também não grita nunca”, compara Rodolfo. Sobre as semelhanças entre as duas culturas, ele cita a faixa “Chiquilín de Bachín” (letra de Ferrer) que fala do menino de rua e, por isso, poderia ter sido feita no Rio de Janeiro ou em São Paulo.

A entrevista para fazer este release acaba virando um encontro de apaixonados pelo tango argentino, com direito a taças de vinho de Mendoza, grandes sucessos na vitrola e conversas em torno da vida íntima do compositor. A obviedade da pergunta é perdoada pela riqueza das respostas: ‘Por que gravar Piazzolla?’, quero saber. Para Marcelo Rodolfo, “a linguagem de Piazzolla é moderna e ousada. Antes dele, o tango já fazia sucesso internacionalmente, mas Astor chega com um instrumental forte e arrojado, com espaço para improvisação que é quase inexistente no tango tradicional. A mistura acaba dando uma cara mais universal ao gênero, que soa sempre atual".

Já Estela, radicada no Brasil há 39 anos, se emociona ao afirmar que “tudo o que diz respeito à cultura do meu país me move, e, apesar de nunca ter estado com o grande bandoneonista, tenho primos que eram seus amigos próximos. A música de Piazzolla sempre se sobressai porque é grandiosa”. E Alexandre acrescenta: “Todos nós conseguimos nos ver nesta música de alguma forma. Para mim tem a ver também com a formação erudita dele, a polifonia hiperdesenvolvida. Coloco o Piazzolla na linha de Bach, entre o clássico e o popular”. Neste ‘Cierra tus ojos y escucha’ - faixa-título belíssima! - há música tocada apenas por sax e voz; outra, só por piano a quatro mãos e, ainda, por sexteto. É a reinvenção, de fato, criativa.

* Reprodução da capa *

4 de julho de 2008

Meus 32 anos com desconto


Há exatamente uma semana, estávamos às voltas com a produção da farra pela chegada dos meus 32 anos. Farofa, a prima que adooooora cozinhar, mandou pela mamãe a lista de ingredientes, Val calculou a quantidade de cervejas e refrigerantes que a família Ramalho e alguns dos melhores amigos detonariam e eu lembrei que toda festa de aniversário - mesmo um festival de pizza intimíssimo - exige um bolo! E saímos atrás do quitute. Fomos à Chaika, mas as tortas que eu babava custavam quase 90 reais. Meio caro só pra cantar parabéns, né? Por esse preço, só se vier com dinheiro dentro! (risos). Achei o que queria - essas maravilhas de chocolate com marshmellow que você começa a comer com os olhos - na padaria ao lado pela metade do preço. Já no caixa, toda animada, e o Dani me solta essa pérola, com um ar sério que as gargalhadas foram gerais:

- Tem desconto pra aniversariante?

(Foto: Getty Images)

2 de julho de 2008

O que fizeram com a poesia do Incrível Hulk?


Quem cresceu vendo o doutor David Benner, interpretado por Bill Bixby, voltar pra casa todo esfarrapado após uma daquelas transformações no Incrível Hulk, acompanhado apenas por uma musiquinha triste ao fundo, pode - e deve - se esquivar para todo o sempre do novo filme sobre o personagem, dirigido pelo francês Louis Leterrier e estrelado por Edward Norton em par romântico com (a boca de) Liv Tyler.

Vale lembrar que na década de 80, o ator que vivia o Hulk era bem grande, Lou Ferrigno, mas uma pessoa de carne-e-osso, não um monstro descomunal, que está mais para King Kong do que para super-herói da Marvel. E o que é aquele estica-e-puxa da calça do pobre coitado? E o que é mostrar o Brasil como uma eterna Rocinha, cuja fábrica de suco cai aos pedaços e necessita dos conhecimentos de um americano para funcionar?

Como diz a amiga Paula Thiesen, "o Rio de Janeiro é uma grande favela", mas mostrar a cidade apenas como um cenário abarrotado de casebres de tijolos e zinco é de lascar. Ah, e por favor, quem recolheu aquele bando de peruanos da Estação Carioca para fazer figuração no Largo das Neves, fingindo estarem todos sorridentes e vendendo badulaques no México?

Foi o Daniel quem nos levou para assistir ao filme, e, é claro que rimos muito em diversas cenas e torcemos para o mocinho ficar com a mocinha no final. Deixei o cinema com vontade de jogar carros e edifícios pelos ares, ansiando pela cura do cientista solitário, cujo único antagonista até esta película de Leterrier era a verde radiação selvagem.

(Foto: divulgação de Lou Ferrigno e Bill Bixby caracterizados)