23 de outubro de 2008

Mochilas prontas: Paraty

Gente, a recompensa por um ano de pitombeira nos textos,
nas assessorias de imprensa e nas gambiarras criativas virá
em forma de ruas de pedras, ilhas cercadas por peixinhos e arquitetura colonial: a partir desta sexta, dia 24, vamos descansar uma semana em Paraty.

Vou levar o notebook e o celular, mas espero usar pouquíssima tecnologia e passear um bocado de escuna, tomar sorvete e cachaça na pracinha, fotografar aquele cenário de novela de época e namorar muito - como se a vida inteira fosse feita sob medida para a calmaria. Volto já!

* Foto de JA Gálvez *

21 de outubro de 2008

Flores para Luiz Carlos da Vila

Este blog se despede do compositor e cantor de sambas e afins Luiz Carlos da Vila, um garoto de 59 anos. O poeta morreu na manhã desta segunda, no mesmo Hospital do Andaraí onde Cartola e eu nos operamos. Luiz Carlos estava internado há 40 dias, lutando contra um câncer reincidente no estômago. Já havia passado pela mesa de cirurgia em 2002, antes de lançar dois discos fenomenais que rodam tanto aqui na vitrola que considero trilhas sonoras da minha vida: 'Benza, Deus' (Carioca Discos, 2004) e 'Matrizes' (MEC, com recursos da Petrobras, 2005), em parceria com o amigo Cláudio Jorge.

Foi com o seu samba-enredo "Kizomba, a festa da raça" que a Vila Isabel conquistou o primeiro título no desfile das escolas de samba cariocas. Entre os maiores sucessos estão "O show tem que continuar", "Doce refúgio" e "Além da razão". A foto que ilustra este post foi escolhida de propósito: vai uma braçada de flores do campo para Luiz Carlos da Vila!

* Foto de Camilla Maia *

17 de outubro de 2008

A alma encantadora de João Roberto Kelly

Para quem é apaixonada por música brasileira como eu, não há nada mais emocionante do que conhecer figuras como o querido João Roberto Kelly, dos maiores autores de marchinhas de carnaval de todos os tempos. Ele e a simpática Maria Helena me receberam no apê deles, em Copacabana, para uma prosa regada a cervejinhas e boas lembranças. Abaixo, um trecho da entrevista - publicada na Carioquice deste mês - e o link para você ler na íntegra:


A história da televisão brasileira e, sobretudo, das geminais TV Excelsior e TV Rio não teria a mesma sonoridade sem as 88 teclas e as inumeráveis melodias de João Roberto Kelly, 70 anos de vida e 50 dedicados à música nacional. Compositor e pianista de musicais humorísticos nos idos 1960, Kelly usava toda a criatividade da juventude nos célebres ‘Times Square’, ‘My Fair Show’ e ‘Praça Onze’, entre outros, cujos diretores o convidavam para ser uma espécie de compositor residente dos programas. Isso até ele virar apresentador do seu ‘Musikelly’, criado na TV Rio e reeditado na TV Globo, já no final da década.

Em 1963, João Roberto Kelly foi trabalhar na TV Excelsior através de Luís Reis, também pianista e compositor. Kelly foi contratado pelo diretor artístico Miguel Gustavo para fazer aberturas de programas. No mesmo ano, a emissora adquiriu o Cinema Astória, em Ipanema, para transformá-lo em teatro. “Até que um belo dia o Carlos Manga me chamou para musicar os quadros do ‘Times Square’, inspirado nos espetáculos da Broadway. Os atores cantavam, dançavam e representavam. Para cada quadro havia uma vinheta e eu caí feito luva nesse esquema”, recorda.


Leia a entrevista na Carioquice!

* Foto de Adriana Lorete *

16 de outubro de 2008

'No gargalo': frases inspiradas no vinho

Sabemos que o vinho sempre provocou paixões e frases inspiradas. Hoje, só pra relaxa,r escolhi umas máximas espirituosas de autores célebres - e outros nem tanto.

"O Burgundi faz você pensar besteiras, o Bourdeux faz você falar besteiras e o Champagne faz você fazer besteiras" (Brillat-Savarin)
"O bom vinho é um camarada bondoso e de confiança, quando tomado com sabedoria" (William Shakespeare)
"O vinho e a música sempre foram para mim um magnífico saca-rolhas" (Anton Tchékhov)
"Os vinhos são como os homens: com o tempo, os maus azedam e os bons apuram" (Cícero)
"O vinho é a prova constante de que Deus nos ama e nos deseja ver felizes" (Benjamin Franklin)
"O vinho é uma bebida excelente para o homem, tanto sadio como doente, desde que usado adequadamente, de maneira moderada e conforme o seu temperamento" (Hipócrates)
"O vinho que se bebe com medida jamais foi causa de dano algum" (Miguel de Cervantes)
"O vinho foi dado ao homem para acalmar suas fadigas" (Eurípedes)
"O vinho alegrará o coração do homem" (Vulgata)
"O vinho alegra o coração do homem. Jamais um homem nobre odiou o vinho" (François Rabelais)
"O vinho é composto de humor líquido e luz" (Galileu Galilei)
"Vence as preocupações com o vinho" (Petrônio)

Beijos e até mais!

15 de outubro de 2008

André Mehmari, o menino do dedo verde

Foi paixão imediata. O violonista Paulo Aragão elogiou as músicas do disco '... de árvores e valsas' num dia e esbarrei por acaso com o álbum no outro. Se gostei? Digamos que levei uns 15 dias falando de 'Um anjo nasce', 'Mairiporã', 'Noturno espanhol' e seus pares para todo mundo - inclusive à amiga Helena (irmã do Paulo) Aragão. Ela se entusiasmou e propôs escrever a quatro mãos sobre o André Mehmari para o site Overmundo, do qual é editora.

Apresentado virtualmente pelo querido Flávio Loureiro, o músico topou a proposta e, na primeira vinda ao Rio, nos recebeu para a entrevista. O que a gente tanto proseou você pode ler a seguir:

Instrumento ali não fica em cativeiro. Case é como roupa para os humanos: vestimenta para sair de casa em ocasiões especiais. Pela sala tem clarinete, bateria, rabeca, violão, guitarra. Tem até um cravo, porque gosta-se muito do estilo barroco. No centro (não por questão de ângulo, mas de relevância), o piano, absoluto. E passando por tudo isso sem derrubar uma palheta, Miguilim. Porque gato é um bicho muito sensível. “Os instrumentos ficam espalhados. A pessoa quer sentar no sofá e não pode: tem um cavaquinho ali”, ilustra, com um sorriso desenhado na boca, o multiinstrumentista André Mehmari, um peso-pesado no quesito música brasileira contemporânea.

Leia o texto completo no Overmundo!


* Foto de Gal Oppido *

12 de outubro de 2008

Um domingo animal!

A curiosidade matou o gato (risos)

Não parece um tigrinho?

A suavidade da gaivota num céu dramático

Um vôo em cabine dupla!

Fotos de Monica Ramalho *

11 de outubro de 2008

Há cem anos, nascia Cartola

Entrevistei Ronaldo de Oliveira, filho adotivo de Zica e Cartola, em 2002 para a pesquisa do musical 'Obrigado, Cartola!'. Dois anos depois, lancei um livro infanto-juvenil sobre o compositor, sem recorrer a este material porque a proposta do 'Cartola' (que faz parte da coleção 'Mestres da Música no Brasil', da Editora Moderna) era outra. Em 2006, trabalhava no site Jornal Musical e o editor Tárik de Souza me pediu para fazer um recorte diferente do sambista. Respondi que nem precisaria apurar nada. Era só transcrever a fita e organizar as falas do herdeiro. Esta matéria é para ser lida ao som dos álbuns maravilhosos deste autor mais do que genial:

Um lado desconhecido de Cartola
Por Monica Ramalho

"Eu não sabia dimensionar o que era conviver com o Cartola. Poderia ter aproveitado muito mais, entende?", arrepende-se Ronaldo de Oliveira, adotado aos 15 anos pelo sambista e por Dona Zica. Ele lamenta pelos tantos shows que não assistiu do pai de criação e também pelas vezes em que se limitou a deixá-lo na portaria dos estúdios, como numa das últimas gravações, na RCA Victor. "Notei que ele queria que eu acompanhasse. Por que não fiquei lá?", indaga a si mesmo. Além da relação árdua entre ambos, Ronaldo era taxista e, na época, estava mais empenhado em bater a féria do dia. No entanto, estas ausências lhe doem no peito até hoje. "Como alguém pode ser tão próximo e tão distante?".

Autor de clássicos como "As rosas não falam", "O mundo é um moinho", "Tive sim", "Quem me vê sorrindo" (com o fiel parceiro Carlos Cachaça) e "Disfarça e chora" (com Dalmo Castello), Cartola era também um homem duro, quase rude, no trato com as pessoas de casa, segundo as lembranças de Ronaldo. "Eu já existia quando o Cartola foi morar com a Zica. E ele não gostava de criança, não queria que ela me criasse, então tudo era muito difícil. Ele bebia além da conta e nós éramos pobres demais. Ele implicava comigo e eu implicava com ele, embora hoje eu dê valor a muitas de suas atitudes", emenda. Apesar do tratamento áspero, o sambista modelou o caráter de Ronaldo com muitas de suas lições.

De uma delas, em especial, o herdeiro não esquece. "Quando tinha uns 16 anos, fiquei desempregado. Cheguei para ele e falei: 'Seu Cartola, amanhã não precisa me chamar às 6h porque eu fui mandado embora'. Ele respondeu: 'Tá bem', mas quando chegou no outro dia, Cartola foi lá me acordar no mesmo horário de sempre. Eu reclamei e ele disse: 'Eu sei, meu filho, mas levanta e vai procurar um emprego. Ou então faz alguma coisa, varre o quintal, arruma o armário, sei lá, ou você vai se acostumar a levantar tarde e não vai mais procurar emprego'. Fui forçado a sair atrás de um trabalho", diz o filho, atualmente funcionário do Departamento de Trânsito do Estado do Rio de Janeiro (Detran-RJ). Com o avançar dos anos e dos carinhos de Zica, porém, "o coração dele se abriu, pouco tempo depois ele era pessoa mais dócil".

Naturalmente, também havia momentos de pura má vontade entre os dois. Ronaldo lembra de um aniversário decorado com aquele bolo de chocolate maravilhoso da mãe, a famosa cozinheira Dona Zica, família reunida, um monte de primos da idade dele para brincar até altas horas. "Tomei um banho rapidíssimo e ele me esperou sair do banheiro para dizer: 'Ô, Ronaldo, não é possível que você tenha tomado banho em um minuto. Volta para o chuveiro' e ficou na porta me esperando, com o relógio na mão". Como se vê, Ronaldo conheceu um lado pouco visível do compositor que, apesar de silencioso, estava sempre cercado de amigos.

"Ele chegava no botequim e não pedia nada a ninguém, por nada. Podia estar morrendo de vontade de tomar uma cerveja, mas não pedia se não pudesse pagar. Isso eu aprendi com ele e ainda sou um pouco assim. Então quando ele estava com pouco dinheiro, comprava uma cerveja que se chamava 'mini-saia'. Era pequena e, por isso, ele não precisava dividir com os outros". Em tempos mais abastados, Cartola gostava mesmo era de beber Antarctica e Pau Pereira, uma cerveja amarga. Também molhava o bico com conhaque Dreher e fumava cigarro Astória. "Cartola via televisão e lia jornal todo santo dia. Podia não ter dinheiro para mais nada, mas não abria mão do jornal. E era fanático pelo Fluminense", afirma.

Em matéria publicada em março de 1978, disse Cartola: "É bom ter a casa cheia de amigos, mas não todos os dias. Procurei um cantinho para repousar e ter um pouco de sossego. E quero uma casa com todo o conforto, com tudo novo, tudo bonito". A última moradia do sambista – numa casa confortável da Rua Edgard Werneck, em Jacarepaguá – é, há muitos anos, a residência de Ronaldo e família. “Cartola sentava ali numa cadeirinha gostosa com tudo apagado e ficava horas olhando pro nada. Quanto mais escuro, melhor. Ele era uma pessoa muito interessante e ficava parado na mesma posição por muito tempo. Ele adorava a solidão e veio morar aqui por causa disso", recorda.


Cartola: "Só venci no final"

O verso é do amigo Nelson Cavaquinho, mas Cartola foi um dos criadores do samba carioca que mais receberam flores em vida. As homenagens perduram até os dias atuais. Em 2007, o cinema exibiu o documentário 'Cartola', dirigido por Lírio Ferreira e Hilton Lacerda. A inventividade do compositor também já inspirou um musical em 2003 - 'Obrigado, Cartola!', sob a batuta de Vicente Maiolino -, meia dúzia de livros (com destaque para a biografia 'Cartola, os tempos idos', de Marilia Barboza Trindade e Arthur Oliveira Filho) e dezenas de discos e shows, idealizados por amigos e admiradores da obra do mestre mangueirense, e há também o Centro Cultural Cartola, idealizado por Zica e comandado pelos netos Nilcemar e Pedro Paulo Nogueira, filhos de Regina, também criada pelos Oliveira.

Fundador da Estação Primeira de Mangueira e responsável pela escolha do verde-e-rosa da escola, Cartola foi um dos artistas brasileiros de mais idade a lançar disco solo. Em 1974, aos 65 anos, gravou seus sambas num álbum individual, editado pela Marcus Pereira. Em 1976, gravou outro disco, pela mesma gravadora, ambos chamados apenas 'Cartola'. Em 1977, lançou 'Verde de que te quero rosa' e, dois anos depois, 'Cartola 70'. Alguns meses antes de morrer, foi convidado a gravar um depoimento na Rádio Eldorado, onde narrou episódios marcantes de sua história e cantou suas belas músicas. Esta entrevista chegou ao mercado no ano seguinte com o título 'Cartola – Documento inédito'. Todos estes long plays foram relançados em CD.

"Minha vida é igual a filme de mocinho. Só venci no final", resumiu o sambista, que foi dono, com a mulher Zica e empresários, do célebre Zicartola. Mais de quarenta anos da inauguração do bar – que funcionava na Rua da Carioca, 53, Centro do Rio - e ele ainda é considerado um divisor de águas na história da MPB. "Foram os melhores anos da minha vida. A casa era freqüentada pela fina flor de Copacabana e pelo mais humilde sambista do morro, pois o Zicartola conseguiu integrar os compositores da bossa nova com aqueles que fizeram os inesquecíveis sambas cantados até hoje", comentou Zica, em fevereiro de 1988, no Jornal do Brasil.

Em entrevista ao jornalista Tárik de Souza, em novembro de 1974, Cartola revelou como fazia para compor: "Eu não tinha interesse nenhum por leitura. Mas um dia, quando eu estava mais ou menos com 25 anos, um primo me deu um livro de poesias de Humberto de Campos e eu gostei muito e passei também a ler Castro Alves e Guerra Junqueiro. Tem letras que vêm quase prontas. Outras vêm só com um pedacinho. Ponho num rascunho e guardo num canto até vir a inspiração. Prefiro fazer pouco mas fazer bem". Essa era a filosofia do sambista que, desde criança, quando saía nos ranchos carnavalescos de Laranjeiras, apreciava boa música e elegância, hábitos aprendidos com os pais Sebastião, cavaquinista, e Aída, sempre muito caprichosa com as fantasias do primogênito de oito irmãos.

"Um dia, o Mário Reis me comprou um samba por 300 cruzeiros. Era um dinheirão. Dava pra comprar um terno, mas terno bom, de linho branco, sapato, camisa, tudo. Gastei em roupa, em bebida e farra", confessou. Francisco Alves foi o primeiro cantor a gravar uma música de sua autoria ("Que infeliz sorte!", em 1929) e, coincidentemente, seu primeiro sucesso popular ("Divina Dama", em 1933). Nestas oito décadas, a obra de Cartola – que ganhou este apelido quando defendia um trocado como pedreiro e, muito vaidoso, usava um chapéu-coco para proteger os cabelos do cimento – varreu o mundo e ingressou de uma vez por todas no primeiro time da Música Popular Brasileira.

* Fotos do amigo Antônio Carlos Miguel, publicadas no meu livrinho que gosto tanto e no especial sobre o centenário do poeta mangueirense, nas páginas do Segundo Caderno deste sábado *

9 de outubro de 2008

'No gargalo': Verdes da Terrinha

Muita gente acha que o vinho verde tem esse nome porque é feito com uvas colhidas antes do ponto de maturação. Não caia nessa. Uva verde não gera vinho equilibrado e, portanto, ele é feito com uvas colhidas maduras. Genuinamente português, o vinho verde é uma denominação de origem e também uma marca, não apenas um estilo de vinhos como era antigamente, me ensina o professor José Paulo Schiffini (da Universidade Candido Mendes e membro do Fórum de eno-gastronomia). A Região Demarcada dos Vinhos Verdes (RDVV) se estende por todo o noroeste de Portugal, numa área de clima ameno conhecida como "Entre-Douro-e-Minho". É uma das mais antigas do país e foi originariamente demarcada em 1908.

Por conta do tipo de vinificação, os vinhos verdes são levemente frisados, guardam um pique de gás chamado também de agulha. Isso é o que dá a graça. A gente sente aquelas bolhinhas ácidas brincando no nosso palato. Podem ser brancos ou tintos, mas eu tô pra beber algum vinho verde tinto que agrade minhas papilas gustativas. Já os brancos, adoro. Mas isso também não quer dizer nada. Gosto é gosto.


Eles são leves, refrescantes, agradáveis e, em geral, baratos. O que nesses tempos de crise é vantagem à beça. Mas, minha gente, vinho verde não se resume a Casal Garcia. Experimente também o Plaínas (Casa Santa Eulália), Condes Barcelos (Adega de Barcelos), Afrós Loureiro (Casal do Paço Padreiro) e Deu la Deu (Adega de Monção). Esses também costumam freqüentar as prateleiras dos supermercados.

Os verdes devem ser bebidos geladinhos e são ótimos companheiros para dias encalorados. O tempo aqui no Rio anda meio lusco-fusco, mas e daí? Ele também é bacana para abrir o apetite ou acompanhar refeições levinhas. Além do mais, pra quem tá a fim de experimentar, qualquer motivo serve. Um brinde lusitano!

* Foto de J. Scott Bovitz *

Densa umidade do ar

A nuvem que, plena, chora
As lágrimas na janela
Te faz parecer aquela
Imagem que tem lá fora.

Você chove dentro, e embora
Nenhuma gota singela
Derrame, é mesmo com ela,
A seco, que inunda agora.

Teriam então diferenças
As duas chuvas imensas?
Enquanto uma escorre, a outra arde

Nos seus olhos tão vermelhos,
Que desenham numa tarde
Janelas mais como espelhos.

* 'Sonetinho para as chuvas', poema de Henrique Rodrigues *

7 de outubro de 2008

Krieger, Maranhão e Sachdev no cardápio sonoro

Eu queria ter disposição para estar em todos os shows do país ao mesmo tempo! É muita oferta boa! Quero ir nestes dois, aqui no Rio de Janeiro: dos compositores e cantores Edu Krieger e Rodrigo Maranhão nesta quarta, dia 8, no Teatro Rival Petrobras, no Centro, no qual festejam dez anos de amizade, e do flautista indiano Gurbachen Singh Sachdev, reverenciado por George Harrison e Ravi Shankar, sábado, 18, na Sala Baden Powell, em Copacabana.


O primeiro tem participação da cantora Anna Luísa e do cantor e flautista PC Castilho que, aliás, vai apresentar em três casas o repertório de seu primeiro álbum solo, 'Vento leste', uma produção independente: dia 30 de outubro no Centro de Referência da Música Popular Carioca, na Tijuca, dia 31 de outubro no Espaço Rio Carioca, em Laranjeiras, e dia 12 de novembro no Centro Cultural Carioca, na Praça Tiradentes.

Edu Krieger e Rodrigo Maranhão cruzam amanhã os repertórios de seus albuns individuais neste show. Edu canta "Ciranda do mundo", "Temporais" (parceria com Geraldo Azevedo) e "A lua é testemunha", todas gravadas no 'Edu Krieger', relançado pela Biscoito Fino. E Rodrigo, aquelas belezas do 'Bordado' (MP,B), como "Interior", "Recado" e "Pra tocar na rádio".

Aos 73 anos, Sachdev virá ao Rio de Janeiro pela primeira vez, acompanhado pelo tablista Julio Falavigna. Ele foi um músicos que trouxeram a música clássica indiana para o Ocidente, em 1970. Segundo texto enviado pela assessoria, a bansuri "é um instrumento de sopro sem chaves, feito de bambu, afinado cerca de uma oitava abaixo da flauta clássica européia e mais ressonante e flexível em qualidade tonal. Sem chaves para tocar sustenidos e bemóis, tem semitons e quartos de tom produzidos através do controle preciso da abertura com os dedos. O Bansuri é capaz de infinitas nuances de tom, produzindo uma sedutora beleza vocal". Parece lindo, não?

* Fotos de divulgação *

6 de outubro de 2008

Perdi a amiga para o cigarro

Eu sei que quem vem a este blog sabe que vai esbarrar com idéias sobre música, vinho, literatura e outros prazeres, como cinema ou uma boa história. Esta noite, porém, há um pesar. Perdi uma amiga para o tabaco.

Juliana era gaúcha e havia acabado de completar 35 anos. Era mãe da Dâmaris e estava casada com a Bruna. Segurou as pontas até onde pôde. Foram cinco ou seis meses de luta contra um câncer no pulmão, resultado de muito cigarro - três maços por dia, segundo comentários no velório.

Peço licença à família Niehues para usar essas fotos, colhidas como rosas do Orkut da querida Ju. Ainda estou assustada porque não sabia que ela estava doente. Assustada e triste.
Ei, você, apaga esse cigarro, vai...


* Fotos de Priscila Jammal *

5 de outubro de 2008

Manhãs com pedigree

Ah, gente, foi o maior barato entrevistar a Ana Maria Braga! Nunca achei que fosse dizer isso em público, mas adorei o pessoal que faz a entourage dela: a filha Mariana, a produtora Adriana e o maquiador Plínio. E os bichos, claro! A casa onde ela mora é uma graça, ela é super bonita e aqui está o resultado daquela tarde de conversa, na capa da Revista Rossi - mais um trabalho em parceria com a Spring. E a prosa começou assim:

O seu talento como comunicadora é impressionante. Você sempre quis ser jornalista?
Eu queria mesmo era fazer medicina, mas meu pai achava que lugar de mulher é na cozinha. Ele era um italiano durão e tinha 62 anos quando nasci, em São Joaquim da Barra, interior de São Paulo. Eu sou filha única e ele, que pela idade parecia meu avô, queria que eu fosse professora primária para dar aulas nas redondezas, me casar e ter filhos. Ele me proibia de estudar, mas eu fugi duas vezes: uma para me inscrever no vestibular e outra para fazer a prova na Universidade São Paulo.

Leia a matéria completa aqui!

* Foto de Publius Vergilius *

3 de outubro de 2008

A hora de Lavínia

Pois foi nesta madrugada que li até o último suspiro dois livros extraordinários (com títulos de tirar o fôlego): 'Eu receberia as piores notícias dos teus lindos lábios', de Marçal Aquino, e 'A hora da estrela', de Clarice Lispector. Ganhei o primeiro de aniversário da amiga Isa Maciel e o segundo comprei há dez anos, embora na época não tenha ficado à vontade para acompanhar o calvário em vida da pobre Macabéa.

O mais interessante é que só notei a oposta complementaridade de Lavínia, a sedutora e desequilibrada personagem urbana de Marçal, e Macabéa, a protagonista agreste, feiosa e ignorante de Lispector, quando os panos já ensaiavam cair. O que Lavínia tem de sobra, falta em Macabéa. E se Lavínia aparenta alguma felicidade ela, na real, padece muito mais do que Macabéa, ignorante de sua infelicidade.

Taí, no mínimo, uma instigante distração literária: procurar no clássico e no contemporâneo o que aproxima e o que distancia essas duas mulheres. Mas tem que ter estômago... ;)

2 de outubro de 2008

'No gargalo': Uma simpática loja de vinhos

Morador do bairro das Laranjeiras, vibrai! A Symposium, aquela simpática loja de vinhos na Rua Ipiranga, foi eleita como o melhor bar de vinhos da Zona Sul carioca por uma pesquisa informal feita pelo pessoal do site enoeventos. Preço, ofertas, comidinhas e atendimento foram os critérios avaliados. E eu, que não sou boba nem nada, fui lá nesta terça-feira pra ver se tudo era verdade, nada mais que a verdade (risos).

Pessoa de sorte eu sou. Reservei minha mesinha e, ao chegar, fiquei sabendo que aconteceria uma degustação de espumantes Gave Geisse (um dos melhores do Brasil para alguns e o melhor na opinião de muitos). Com uma gentileza transbordante, o dono José Hodara me ofereceu uma taça e fiquei ali curtindo um som, lendo um livro, comendo coisinhas. Aliás, lá tem quiche, presunto alemão, picanha defumada, queijos, etc, tudo com preço muito honesto. Gente, vale a pena. Recomendo.

* A autora desta coluna é a super Claudia Holanda *

1 de outubro de 2008

F de Favoretto, Finlândia e França :))

É a amiga Daniela Kvassay, filha do artista plástico Favoretto, quem manda avisar: ele expõe até 15 de outubro na AVA Galleria, que fica em Helsinki, na Finlândia. Ao todo, a mostra 'Flowers to a lady' reúne doze pinturas em técnica de óleo sobre tela, feitas ao longo de 2008, nas quais o pintor retrata o mágico instante que uma mulher recebe flores de um admirador.

Em seguida, os belos quadros embarcam para Paris, na França, onde participam do Salon d'Àutomne, no Espace Auteuil, entre 16 e 26 de outubro. "Vou apresentar um trabalho inédito, 'La Première Medaille d'Ór à Beijing', de 120 x 150 cm, em homenagem aos jogos olímpicos", adianta o artista, celebre morador de Santa Teresa, no site www.favoretto.com


* Obra de Favoretto *