1 de setembro de 2008

Tudo azul e branco nos cinemas

Portelense como minha mãe para tristeza do pai, que era Salgueiro, fui assistir a estréia do filme 'O Mistério do Samba', dirigido por Lula Buarque de Holanda e Carolina Jabor, com Marisa Monte à frente da direção musical e reforçando as equipes de roteiro e produção. É um belo filme, com poucas ressalvas. O que ficam mesmo são os personagens bárbaros e as cenas de dar nó na garganta que trouxeram à memória a infância suburbana, as visitas que fiz, já como repórter, a casa da Tia Surica, em Madureira, e os encontros com Argemiro Patrocínio (1922-2003) e Jair do Cavaquinho (1923-2006).

De Argemiro guardo dois autógrafos e algumas palavras trocadas naquele tumulto das rodas de samba. De Jair, guardo um pouco mais. O chapéu de palha autografado se desfez em tantas mudanças, mas ainda estão comigo uma fitinha cassete, a entrevista transcrita e duas fotos ampliadas em preto e branco. Ouço com regularidade os discos dos sambistas lançados pelo Phonomotor e outro dia mesmo achei uma cópia da matéria publicada no JB Online em março de 2002, a primeiríssima sobre o par de bolachas.

Aliás, uma história ótima: quando soube que a Acari Records (da amiga Luciana Rabello) havia vendido o álbum do seu Jair à Phonomotor, liguei para o escritório de Marisa na intenção de descobrir algo sobre o disco do Argemiro. O empresário disse quase nada e fez suspense, alegando que não poderia dar o furo para um jornal virtual. Num arroubo jornalístico, procurei Jair e Argemiro e, enfim, escrevi a minha reportagem antes de todo mundo, que você pode ler aqui!

Vou ser breve acerca do que atravessa no longa porque quero que todo mundo veja o filme e se emocione: Marisa aparece demais, Paulinho da Viola não interage com os velhinhos (a não ser numas imagens da década de 70) e Zeca Pagodinho está deslocado na quadra da escola. Aliás, parece que foi chamado só para atrair as massas ao cinema. Justiça seja feita: quem brilha realmente neste 'O Mistério do Samba' (o nome é outro equívoco...) são os sambistas da Velha Guarda da Portela e a minha azul-e-branco do coração :))

* Fotos de Toca Seabra *

5 comentários:

Anônimo disse...

Moniquinha, e o que foi a gente, e apenas a gente, de roupinha azul e branco na feijoada da Tia Surica?
puts....
ahahahah

Monica Ramalho disse...

pô, claudinha, eu ia ficar na miúda, mas já que você jogou no ventilador... hahahahahahahahaha. tudo por causa daquelas garotas piradas hahahahahahahahahahahaha. e aquele sambista puto dentro das calças com a gente fotografando tudo lá? hahahahahahahahahahaha
viver só é bom de verdade por causa dessas passagens tragicômicas :))

Naila Oliveira disse...

Já está na minha listinha para as próximas semanas. Amiga, saudades de doer.

Monica Ramalho disse...

nailete, lembra do seu jair indo me visitar na redação da avenida brasil? :)) saudade de você hoje. saudade daqueles tempos...

Anônimo disse...

So podia ser voce mesmo...que titulo bacana para um blog. Fiquei emocionada com o filme e concordo com tudo que voce disse. Sai do cinema pensando: tai uma boa razao para eu estar no Brasil...Beijos!