19 de setembro de 2008

Livro aberto

Essa cama imensa consumindo a noite
Esse livro aberto como alegoria
O abajur perdido em sua luz
Essa água quieta desejando a sede
O controle girando no ar
A tevê remota em sua fantasia
Uma alegria que não vai passar
Se você vier


Esse livro aberto como uma saída
O tapete e seu plano de vôo

O lençol revolto antecipando o gozo

Essa velha casa de coral

Essa concha muda que o meu sonho habita

A paixão invicta que não vai passar

Se você vier


Esse rádio doido de olhos valvulados

Esse livro aberto como uma sangria
Esse poema novo sem papel

O papel que cabe aos meus sapatos rotos

O meu rosto que o espelho não vê

A janela imóvel em seu desatino

Esse meu destino que não vai passar
Se você vier


Esse quarto agindo à minha revelia

Esse livro aberto como uma indecência

O desejo é um naco de pão

A ilusão exposta em tanto desalinho

Uma tecla insiste em bater
No relógio o tempo é uma saudade tensa

E essa cama imensa que não vai passar

Se você vier

* Música de Vitor Ramil e foto de Gary Chapman *

2 comentários:

Paul Constantinides disse...

muito legal!!
da pra ouvir a musica qdo se le.
apesar de nao conhecer a musica.

;-)
paul

Monica Ramalho disse...

paul, meu querido, é uma lindeza só essa canção do vitor. fiquei com ela dias na cabeça e outros dias repetindo no computador. vou mandar uma cópia desse disco pra você, via antonio adolfo. um beijo! :))