Portelense como minha mãe para tristeza do pai, que era Salgueiro, fui assistir a estréia do filme 'O Mistério do Samba', dirigido por Lula Buarque de Holanda e Carolina Jabor, com Marisa Monte à frente da direção musical e reforçando as equipes de roteiro e produção. É um belo filme, com poucas ressalvas. O que ficam mesmo são os personagens bárbaros e as cenas de dar nó na garganta que trouxeram à memória a infância suburbana, as visitas que fiz, já como repórter, a casa da Tia Surica, em Madureira, e os encontros com Argemiro Patrocínio (1922-2003) e Jair do Cavaquinho (1923-2006).
De Argemiro guardo dois autógrafos e algumas palavras trocadas naquele tumulto das rodas de samba. De Jair, guardo um pouco mais. O chapéu de palha autografado se desfez em tantas mudanças, mas ainda estão comigo uma fitinha cassete, a entrevista transcrita e duas fotos ampliadas em preto e branco. Ouço com regularidade os discos dos sambistas lançados pelo Phonomotor e outro dia mesmo achei uma cópia da matéria publicada no JB Online em março de 2002, a primeiríssima sobre o par de bolachas.
Aliás, uma história ótima: quando soube que a Acari Records (da amiga Luciana Rabello) havia vendido o álbum do seu Jair à Phonomotor, liguei para o escritório de Marisa na intenção de descobrir algo sobre o disco do Argemiro. O empresário disse quase nada e fez suspense, alegando que não poderia dar o furo para um jornal virtual. Num arroubo jornalístico, procurei Jair e Argemiro e, enfim, escrevi a minha reportagem antes de todo mundo, que você pode ler aqui!
Vou ser breve acerca do que atravessa no longa porque quero que todo mundo veja o filme e se emocione: Marisa aparece demais, Paulinho da Viola não interage com os velhinhos (a não ser numas imagens da década de 70) e Zeca Pagodinho está deslocado na quadra da escola. Aliás, parece que foi chamado só para atrair as massas ao cinema. Justiça seja feita: quem brilha realmente neste 'O Mistério do Samba' (o nome é outro equívoco...) são os sambistas da Velha Guarda da Portela e a minha azul-e-branco do coração :))
* Fotos de Toca Seabra *
5 comentários:
Moniquinha, e o que foi a gente, e apenas a gente, de roupinha azul e branco na feijoada da Tia Surica?
puts....
ahahahah
pô, claudinha, eu ia ficar na miúda, mas já que você jogou no ventilador... hahahahahahahahaha. tudo por causa daquelas garotas piradas hahahahahahahahahahahaha. e aquele sambista puto dentro das calças com a gente fotografando tudo lá? hahahahahahahahahahaha
viver só é bom de verdade por causa dessas passagens tragicômicas :))
Já está na minha listinha para as próximas semanas. Amiga, saudades de doer.
nailete, lembra do seu jair indo me visitar na redação da avenida brasil? :)) saudade de você hoje. saudade daqueles tempos...
So podia ser voce mesmo...que titulo bacana para um blog. Fiquei emocionada com o filme e concordo com tudo que voce disse. Sai do cinema pensando: tai uma boa razao para eu estar no Brasil...Beijos!
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