Fomos estagiárias do Jornal do Brasil - e depois, editoras de conteúdo - na mesma época. Chegamos a trabalhar na mesma editoria, embora nossas áreas de interesses fossem bem diferentes. Eu queria escrever sobre música brasileira e às vezes estranhava o fato de ser repórter de economia; ela gostava de acompanhar a Bovespa, o Nasdaq e aqueles índices todos, mas flertava com esportes. Assinamos boas reportagens juntas e, sim, apesar da inexperiência, alguns de meus melhores textos também datam dos anos apaixonados do JB.
Reproduzo aqui a abertura de um texto que a amiga Naila Oliveira (foi ela quem me levou pra Globo.com depois), escreveu nas Olimpíadas de Sydney, a pedido de um editor:
Maratona feminina dos Jogos Olímpicos de Los Angeles, Estados Unidos, 1984. Ela entrou no Coliseu cambaleante, o corpo curvado e tombado para a esquerda. As pernas tortas pareciam que não iriam suportar o peso daquela atleta de 39 anos. Os braços mexiam lentamente, num compasso desordenado. A expressão no rosto era de dor, sofrimento e ansiedade. A mesma que se verificava nos rostos perplexos de cada um dos cerca de 80 mil espectadores que estavam presentes no estádio. E a suíça Gabrielle Andersen-Schleiss continuava no seu passo lento e sofrido. Apenas os últimos metros a separavam da linha de chegada, depois de percorrer outros 42 mil. Parecia impossível chegar lá. Médicos e auxiliares tentaram tirá-la da pista, mas, num esforço supremo, com todas as forças reunidas, ela repelia os gestos de salvamento. Queria vencer o seu limite. Exausta, desidratada demorou mais de sete minutos para percorrer os últimos passos de seu destino. Sete minutos que pareciam horas para seus compatriotas que ligavam incessantemente para as redes de televisão para pedir que a tirassem da pista. Não podiam, Gaby queria chegar ao final. E conseguiu. A linha de chegada foi a fronteira para o colapso e depois para a História. A estréia da maratona feminina em Olimpíadas não escreveu o nome da campeã - a norte-americana Joan Benoit - nos anais das glórias olímpicas. Lá está registrado o de Gabrielle Andersen-Scheleiss, a 37ª colocada. A imagem do sofrimento e da perseverança da suíça continua sendo transmitida, mesmo depois de 20 anos. Ela demonstra a vontade de vencer os seus limites para representar o seu país. O verdadeiro espírito olímpico, que fica adormecido e acorda de quatro em quatro anos.
Atualmente, a Naila está em Brasília dedicando-se ao Ministério do Trabalho. É gostoso lembrar que nós, Adriana Bittencourt, Sheila Machado, Elisa Travalloni, Clara Leite e outras pessoas queridas éramos as promessas do jornalismo carioca nos tempos de Avenida Brasil. Quanta saudade daqueles sonhos!
Para ler o post na íntegra (faça isso!), vá ao sempre ótimo blog Final de Namoro
* Foto de arquivo *
Atualmente, a Naila está em Brasília dedicando-se ao Ministério do Trabalho. É gostoso lembrar que nós, Adriana Bittencourt, Sheila Machado, Elisa Travalloni, Clara Leite e outras pessoas queridas éramos as promessas do jornalismo carioca nos tempos de Avenida Brasil. Quanta saudade daqueles sonhos!
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* Foto de arquivo *
2 comentários:
Nossa, amiga.
Estou mais uma vez arrepiada, com os olhos cheios d'água. Obrigada pelo registro, pelos elogios, pelo carinho. Realmente aqueles anos de JB foram incríveis. Fundamentais para a formação da jornalista que sou hoje. E não exagero em destacar que também foram determinantes para a mulher que sou hoje. Agora me preparo para mais um vez encarar a doce frustração (aquela que não entristece porque se sabe que a escolha de caminhos faz parte da vida. E eu, sempre, não me refuto a fazê-lo e assumir toda e qualquer responsabilidades por ela) de acompanhar os Jogos Olímpicos e não estar lá. Nem como atleta, nem como repórter esportiva.
Mais uma vez: TE AMO, AMIGA
obrigada, nailete, sempre por tudo :)) amo você.
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