Bailarina mais expressiva da companhia de Antonio Gades (1936-2004), Cristina Hoyos recebe a tarefa de ensinar um pouco de sua graciosidade à novata Carmen, escolhida pelo coreógrafo para desempenhar papel homônimo na ópera mais famosa de todos os tempos: 'Carmen', de Bizet. É quase como alguém pedir a Annie Leibovitz para me tornar uma fotógrafa tão boa quanto ela (risos).
No segundo filme da trilogia de Carlos Saura (iniciada em 1978 com 'Bodas de sangue' e concluída em 1985 com 'O amor bruxo'), Gades aparece mais magro e envelhecido, embora dançando ainda melhor, e, acredito, mais integrado aos recursos cinematográficos de Saura. Realidade e ficção são muito bem dosadas e entremeadas na narrativa de 'Carmen'.
Em determinado momento, o coreógrafo espanhol diz claramente à Cristina que ela é imbatível na dança, mas que precisa de uma jovem no papel. E, mesmo conhecendo o enredo, torcemos contra a estreante - e a favor de Hoyos. Um pouco mais adiante, a cena da tabacaria, na qual a personagem de Cristina tem a jugular cortada por Carmen, não deixa dúvidas: a verdadeira estrela do filme é a grande Cristina Hoyos - ainda em atividade, aos 62 anos.
(Foto: Hoyos por Jorge Sánchez Fontaneda)
15 de março de 2008
Cristina Hoyos, a minha 'Carmen'
Assinar:
Postar comentários (Atom)
Um comentário:
Olá Monica, como vai?
Cristina Hoyos, para mim, é o proprio flamenco, expressão maior da deusa, do sagrado feminino.
Parabéns a você pelo bom gosto de apreciar tão nobre arte.
Saludos gitanos.
Alex Urbaneja (alex@triangulo.org.br)
Postar um comentário