Por falar em Fernanda Thiesen, a fotógrafa da magrela na neve, foi ela quem cuidou pessoalmente da mudança desde blog para o meu pontocom (que, aliás, foi ela quem comprou também. ocupo demais a moça desde 7 de agosto de 1995, quando nos conhecemos no trote da faculdade rs). Obrigadíssima, Ferni!
E super obrigada a você, leitor, pelas mais de 11 mil visitas nos doze meses de 2008, viu? Muitos amigos acompanham o blog sem se manifestar publicamente; e há os Paul Constantinides da vida, que viram amigos de tanto 'esvoaçar os panos'. Adooooro! As idéias deste 'Laranja é a cor do vestido dela' agora serão estendidas no: www.monicaramalho.com.br. O quintal é grande! Apareça! E um 2009 de muitos posts bacanas para nós!
31 de dezembro de 2008
'Laranja' de varal novo!
28 de dezembro de 2008
27 de dezembro de 2008
'Stand by me' é regravada em tour pelo mundo
'Stand by me', a antológica canção da soul music, composta por Ben King, Jerry Leiber e Mike Stoller na década de 60, foi regravada como um mosaico por artistas de nacionalidades variadas e o resultado você vê neste vídeo, feito por Mark Johnson e Jonathan Walls. Impecável - uma galeria de músicos cantam e tocam no mesmíssimo tom - também sob o ponto de vista tecnológico, o vídeo integra o projeto 'Playing for change' (saiba mais em www.playingforchange.com). Encante-se!
26 de dezembro de 2008
Nova York é uma cidade de profissões estranhas
"Toda tarde em Nova York um saxofonista meio maltrapilho, as bochechas enfunadas feito uma vela de barco, fica na calçada tocando 'Danny boy' de um jeito tão melancólico, tão sensível, que em pouco tempo metade dos moradores das redondezas se põe a olhar pelas janelas, jogando moedas de cinco, dez e 25 centavos a seus pés. Algumas moedas rolam para baixo de carros estacionados, mas com sua mão estendida ele consegue apanhar a maioria delas.
O saxofonista é um músico de rua chamado Joe Gabler; nos últimos 30 anos ele tocou em cada quarteirão de Nova York e já chegou a ganhar, num só dia, cem dólares em moedas. Mas ele também recebe baldes de água na cabeça, latas de cerveja vazias e acontece de ser perseguido por crianças e cães bravos. Vez por outra, em companhia de Carl, seu irmão, um guitarrista magrelo que recende a cerveja, Joe anda 32 quilômetros por dia, sete dias por semana. Joe e Carl foram criados em Lower East Side e estudaram até a terceira série. Mais tarde, Joe foi para um reformatório. E antes de chegar à adolescência, os dois já andavam pelos bares tocando.
"Desde então a gente tem andado aí pelas ruas", diz Joe. "Carl presta atenção nas ruas que percorremos cada dia e nunca vamos à mesma rua duas vezes num ano. O East Side de Manhattan é o melhor em termos de gorjetas, exceto no verão, quando os ricos viajam. Quando vamos aos territórios porto-riquenhos em West Side, sempre tocamos música hispânica e usamos chapéus de palha. Há uma senhora na Forty-Ninth Street que nos dá cinco dólares toda vez que tocamos 'When irish eyes are smiling'".
"O que você faz com todo esse dinheiro?", perguntaram a Joe.
"Ele vai embora", respondeu o músico.
"Vocês nunca vão sair das ruas e arranjar um emprego?".
"Não vamos sair das ruas até o dia da nossa morte", disse Joe em tom dramático.
"Não temos escolha", disse Carl, serenamente.
* Texto de Gay Talese e foto de Bullaty Lomeo *
24 de dezembro de 2008
O primeiro Natal sem meu pai
Ele não foi uma grande pessoa, não deixou nenhum legado à humanidade, nenhuma herança às suas filhas. Meu pai viveu no presente imediato sem acreditar que o amanhã chegaria - e dependeria, em largas proporções, das escolhas dele. Por causa do meu pai, sempre me lancei nos trabalhos com uma vontade absoluta de dar certo. E, assim, aprendi o que ele nunca me ensinou. Imenso era o medo de passar fome ou morar de favor na casa de parentes outra vez. Daí uma certa preocupação, às vezes desmedida, com o vil metal.
Esta será a primeira noite de 24 de dezembro da vida inteira sem a ranzinzice quase risível do meu pequeno pai. Sim, hoje sei que ele era apenas um garotinho que empinava papagaio e torcia pelo Fluminense sem jamais fazer questão de crescer até que (o tempo é implacável...), envelheceu.
* Foto de Frank Walsh *
21 de dezembro de 2008
Pássaros e uma aula de jornalismo
Há semanas terminei de ler um romance maravilhoso, 'Pássaros de vôo curto', a obra-prima do amigo Alcione Araújo. Em seguida, talvez para suprir a falta de tantos personagens envolventes, emendei dois livros interessantes: 'Fama & anonimato', lançado por Gay Talese nos anos 60, e 'Conversas com Almodóvar', de Frédéric Strauss. Juntos, os dois equivalem a uma super aula de jornalismo. O primeiro lança os fundamentos do chamado 'new journalism', criado pelo autor - que seria, nas palavras de Talese, "uma abordagem mais imaginativa da reportagem". Já no segundo você vê como se faz uma entrevista de verdade e ainda aprende tudo sobre a filmografia de Pedro Almodóvar. É dele o parágrafo a seguir, com o qual me identifico:
"(...) Quando tinha dez anos, interessava-me muito por todos os artistas cujo talento já se manifestara quando tinham a minha idade, como Mozart, que compusera músicas, enquanto eu não havia feito nada. Depois descobri que Rimbaud escrevera grandes poemas aos 18 anos; eu já tinha 18 anos e ainda não fizera nada. Procurava referências e descobri um escritor que só começara a escrever aos 40 anos: senti-me mais próximo disso, era tranqüilizador. Sempre senti a pressão do tempo. Isso não tem nada a ver com o fato de envelhecer, mas com a vontade de inscrever algo no tempo (...)"
Já comecei a ver & rever os filmes de Almodóvar. Tem mais alguém nesta onda deliciosamente kitsch?
* Reprodução do cartaz de 'A lei do desejo' *
17 de dezembro de 2008
Edino Krieger, o mais carioca dos catarinenses
Todos os Krieger que conheço são adoráveis - Neném, Edu, Fernando, Fabiano e Edino, que gastou uma tarde inteira reconstituindo suas longevas oito décadas de vida para esta entrevista, publicada na revista Carioquice. Que tal desbravar o texto abaixo?
Compositor e maestro premiado, com passagens por jornais, rádios e instituições culturais, Edino Krieger chega aos 80 anos com a mesma vitalidade de sua música, cada vez mais presente nas salas de concerto mundo afora. Catarinense de berço e carioca por paixão, Edino nasceu numa daquelas famílias bem musicais. "Meu pai tocava vários instrumentos. O principal era o bandoneon, que, aos dez anos, ele já empunhava no cinema-mudo. Depois violino, clarinete e acordeon. Era o mais velho de dezessete irmãos e ensinou música a todos que cresceram com ele porque quatro morreram antes de chegar aos dois anos". O ano era 1929, quando Aldo Krieger reuniu irmãos, primos e tios do lado italiano e fundou o primeiro jazz band de Santa Catarina. O curioso é que, com um nome tão sóbrio - Jazz Band América -, a turma fazia música de carnaval. Edino era apenas um garotinho de um ano de idade, que mal sabia o quanto aqueles momentos influenciariam nas suas escolhas.
"As minhas primeiras lembranças musicais são dos ensaios do jazz band na alfaiataria do meu avô. Eles afastavam as máquinas de costura e botavam para quebrar. Os jovens da cidade também apareciam para escolher as fantasias, que podiam ser de jardineira, touradas em Madri ou periquito verde". Na estante, reluziam as partituras que eles mandavam buscar em São Paulo. Em 1934, a banda era formada por dez músicos, cinco de sobrenome Krieger e os outros cinco, Diegoli. "De Brusque, foram solicitados a tocar nas cidades vizinhas. Comecei a assistir aos ensaios por volta dos três ou quatro anos". Fora da época carnavalesca, Aldinho, como era conhecido, se reunia com o mesmo time de músicos num boteco qualquer e ali eles preparavam as serenatas para as namoradas. O repertório variava entre polcas, valsas e choros cariocas de Ernesto Nazareth e Chiquinha Gonzaga, que encantavam Aldo desde a adolescência. "A última seresta era na porta de casa, para amaciar a minha mãe, que recebia todos com cafezinho às cinco da manhã".
Leia a entrevista na íntegra na Carioquice!
* Foto de Adriana Lorete *