12 de dezembro de 2008

Beth Goulart desvenda a alma de 'Quartett'

Dirigida por Victor Garcia Peralta e estrelada pelos irmãos Beth Goulart e Paulo Goulart Filho, 'Quartett' explora a afetividade humana ao descortinar o casamento turbulento de Merteuil e Valmont. Eles discutem e se agridem com muita sagacidade no apartamento onde vivem em uma metrópole qualquer.

Com texto do alemão Heiner Müller (1929-1995), inspirado no romance 'As ligações perigosas', do francês Chordelos de Laclos (1741-1803), a peça segue em cartaz no Teatro do Leblon até 20 de dezembro, às 23h30, com ingressos a R$ 40, retornando à mesma Sala Fernanda Montenegro a partir do dia 9 de janeiro de 2009. A seguir, a atriz Beth Goulart leva uma prosa com o 'Laranja' sobre a temática visceral de 'Quartett':

LARANJA É A COR DO VESTIDO DELA - 'Quartett' me pareceu narrar a vida de um casal em derrocada, a ponto de se maltratar contando, em detalhes, trepadas extraconjugais. Você encontra relações similares ao seu redor no mundo contemporâneo?
BETH GOULART - Quem assistir à peça verá que este c
asal retrata a derrocada de uma relação que é pautada pelo poder, pela disputa - e não pelo amor e a entrega. É uma relação destinada ao fracasso justamente por isso: se eles assumissem o amor que sentem um pelo outro seria diferente. Eles construiriam algo, o que não acontece. Infelizmente isto ainda é recorrente nas relações amorosas e esta é a reflexão que propomos com este espetáculo, já que podemos sempre escolher o caminho a seguir em nossas relações, o poder ou o amor. Que o amor nos salve!

LARANJA - Achei muito interessante você contracenar com o Paulo Goulart Filho, que tem, naturalmente, a 'fôrma' dos Goulart (risos). Pode apontar para uma semelhança na alma dos personagens, inclusive. O que é mais difícil de atuar com alguém tão próximo?
BETH - A nossa semelhança física realmente chama atenção para a semelhança de caráter dos personagens, como se eles fossem os dois lados da mesma moeda, num jogo de espelhos. A peça também propõe uma troca de sexos e, no nosso caso, isso salta aos olhos por sermos tão parecidos. Com relação à dificuldade de ser tão próximo ocorre, na verdade, o contrário, pois neste trabalho é necessário uma grande cumplicidade em cena, uma intimidade, uma conexão, uma precisão de movimentos. Temos que sentir o outro e saber a hora certa do movimento do outro. É como uma dupla no trapézio: só com muita confiança e precisão dá para realizar o salto perfeito.

LARANJA - E para onde 'Quartett' (produzido por Pierina Morais, minha amiga de Facha) seguirá depois da temporada carioca?
BETH - Ainda não sabemos sobre mais viagens. Talvez continuemos em cartaz com esta peça por um bom tempo no Rio e já estamos preparando um próximo trabalho em teatro juntos.

* Fotos de Arnaldo Torres *

4 comentários:

Unknown disse...

Essa peça é show. Vi antes com outro ator(esqueci o nome). Mas to curiosa de ver a Beth (excelente) contracenando com o irmaõ.
beijos, moniquinha

Monica Ramalho disse...

era o guilherme leme, claudiôlanda.

uma igreja mexicana abençoando o 'laranja' e 'quartett'... isso deve ser um bom sinal. amém!

Sergio Brandão disse...

Que mini-entrevista mais bem feita esta!... Me lembrou logo aquela página da revista dominical d'O Globo, editada pelo Mauro Ventura... Muito boa!

Monica Ramalho disse...

obrigada, sergio. ser comparada de alguma forma ao mauro ventura faz a gente sorrir :))

vejo você mais vezes por aqui?
um beijo e até!